Coisas complexas do coração

18 novembro 2008

Era uma vez uma menina.

Uma menina e seu pai.

Aquele que tinha um coração que cabia o mundo dentro.

Mas, às vezes ele parecia triste.

E ela pensava: porquê?

Ela cresceu e percebeu.

O problema era aquele copo. O copo cheio.

O copo que traz mudança. Pra pior.

O copo da doença. Que destrói.

O copo trouxe mágoa e afrouxou os laços.

E aquele maldito muro se formou. Sem querer.

E ela engoliu um sapo.

O sapo que inflava na garganta sempre que lembrava, que pensava.

Tudo que sentia endureceu. Petrificou. Congelou no tempo.

E ela se cansou de tentar pular o muro, de vencer a barreira.

E sofreu calada.

Certo dia o pai aceitou ir conversar com o homem de branco,

E no outro dia acordou diferente.

E ela pensou ter visto brilho naquele olhar.

Que oscilava e se mostrava vago muitas vezes.

Será?!

E então ela percebeu. Enxergou luz. E a menina chorou.

Chorou feliz. Transbordou de esperança.

E rezou. E ainda reza.

E os tijolos do muro vão caindo aos poucos.

"E não te esqueças, meu coração,
que as coisas humanas apenas
mudanças incertas são."

(Arquíloco, poeta grego)

9 comentários:

Priscila Meds disse...

linda história! Principalmente a parte do muro no chão... =)
devagar e sempre.

Vanessa Anacleto disse...

Que aperto no coração, Renata.


Belo texto.

bjs

Regular Joe disse...

Vamos torcer juntos para este muro continuar a cair.
Beijinhos mil!

Anônimo disse...

Quase morri de chorar, só não morri, porque tinha que escrever aqui para agradecê-la, porque você é linda, por dentro e por fora. Te amo. Mami

Anônimo disse...

Aperta o coração. Mas há que se dizer: Este muro vai cair todo. Há que despedaçar-se inteiro, para que esse amor volte a reinar absoluto!


Beijocas
www.lizziepohlmann.com

Vanessa Anacleto disse...

Renata, ainda bem que vc foi a primeira a ler o conto. Eu coloquei cheiro de éter qdo deveria ter dito formol. Minha formação é em humanas desde o 2o grau , jamais entrei num laboratório e estudei medicina legal pelos livros.

'Brigada


beijo

Mikasmi disse...

Olá Renata

Que lindo conto!

Obrigada pela sua vista, a porta está sempre aberta.
Abraços

Fernanda disse...

NOssa Rê...linda linda...

Eu tbem tenho um moro desse...=/

Tô na torcida...adoro muros que caem...;)

Beijos

PS: me aytrapalho toda pra comentar aqui...rs

Nina disse...

que bom que os muros estão caindo... os da minha menina, só cairam no último dia de vida do pai dela... mas cairam, e ela hj respira aliviada por ter se permitido aceitar que homens sao simplesmente, diferentes da gente :)

bj querida!