Inquietude

13 março 2009

A tespestade caía lá fora copiosamente. Nem a janela fechada impedia que os clarões iluminassem o quarto. Eram como o flash das máquinas fotográficas dos jornalistas, que quase cegam o nosso olho.

Ficou encolhido na cama, rijo. Parecia uma criança assustada. O que será que te afligia tanto? Agora estava salvo, estava em casa; porém os sobressaltos continuavam e os pesadelos ainda o perseguiam.

Conseguira fugir. Sobrevivera, enfim. Já era hora de ter encontrado a tal felicidade.

Mas, como sentir-se feliz se a cada trovão seu corpo estremecia e o coração disparava? Ainda guardava as lembranças do som da guerra, do som das bombas. Parecia tudo tão irreal.

Ali deitado, não conseguia deixar de pensar em tudo que vira. Pensava naqueles que ficaram para trás. Sentiu um pesar. Nada mais seria igual. Sua alma permaneceria por um bom tempo inquieta. Alma machucada, alma transformada.

E sem perceber, a chuva foi ficando mais fraca, mais longe. Sem perceber, cerravam-se as pálpebras.

Talvez amanhã se sentisse melhor. Torceu para que isso acontecesse.

9 comentários:

Pura Cafajestagem disse...

CARAMBA, MEU ULTIMO POST AQUI FOI NO LOGIN DO URUBUCANSADO... HEHEHE
SE CUIDA MOÇONA, UNICAMP TE ESPERA...
BJO

Priscila Meds disse...

de sua autoria? Se sim, muitooo boa! =)
obs: adoro nossas "voltas" de sábado a tarde! rs

*Renata Gianotto disse...

Sim, é meu :)

Acho que a tempestade de quinta me deixou inspirada de uma forma meio estranha. Acabou saindo este texto.

Tb adoro nossas tardes de sábado!

Amo-te!

Anônimo disse...

Renata, o pai de uma amiga serviu à guerra na Itália. Ele era uma pessoa de poucas palavras e pensativa. Sempre achei que foi por causa da guerra que ele ficou assim. Imagino que a cabeça não descansa, não pára de pensar nas atrocidades, como um pesadelo permanente. Este seu conto me fez voltar no tempo! Boa semana! Beijus

*Renata Gianotto disse...

Oi Luma,

Enquanto ouvia os trovões durante uma chuva aqui em Limeira na semana passada percebi que era faziam o mesmo barulho que as bombas em Gaza, que vimos tanto na televisão.
Pensei o quão desesperador e triste seria estar numa guerra. Acho tb que essa experiência transforma as pessoas.
E o conto acabou saindo. No final achei-o triste, mas acabei colocando no post.

Obrigada pela visita!

Fernanda disse...

Ah...a minha chuva não quer cessar...

Beijos

Tainá Facó disse...

Coisa mais bonita e cheia de poesia.



Meu beijo, bonita!

Anônimo disse...

A lição que temos de aprender é que o tempo não volta. Então, hoje se liga ao ontem, mas ele não volta. E temos de viver com isso, sejam boas ou más lembranças.

Gisele Amaral disse...

Gostei do time, da pegada... dá pra sentir na pele o que o narrador conta. Parabéns!

Estou de volta: o PC voltou a funcionar!

Beijos.
=*